quarta-feira, 11 de novembro de 2009

As Migrações!

UM POUCO DE HISTÓRIA FAMILIAR= (OS FERREIRAS)
Meus Progenitores vieram do Lugar de Cancelos/Sebolido, onde tinham habitação própria e conservada até aos dias de hoje.( Continuídade de ligação ás origens) para estarem junto dos meus Irmão que para cá migraram no ano de 1964.
Encontrava-me a prestar serviço Voluntário na Marinha, foi a partir de então que comecei a passar os meus tempos de Férias e dispensas nesta localidade.
Conheci uma Freguesia semi-deserta, como tal pouco convidativa. Uma parte significativa pouco hospitaleira e pouco evoluída culturalmente.
Talvez até isso fosse uma visão da minha vivência numa cidade.
Esta realidade tinha exp+licação, pela mobilização que se operou para servir nas Forças Armadas no Ex- Ultramar e ainda muito pela forte debandada motivado pela onda de Emigração,dos que partiam para a África do Sul, França e mais acentuadamente para a Venezuela.
Isto contribuíu de forma acentuada a que muitas das habitações vazias e campos de cultivos estivessem abandonados.

LUFADA DE AR FRESCO
Foram muitos os migrantes optaram por virem para cá viver. A grandíssima maioria trabalhavam em Freguesias Circunvizinhas. Nas quais já não abundavam casas disponiveis.
Certo que nem todos aqui se fixaram.
Mas no tempo em que cá habitaram, deram uma valiosissima contribuição para o desenvolvimento desta Freguesia rural.

QUEM ERAM E ONDE LABUTAVAM ESTES MIGRANTES?....
Gente com mestria de saber-se fazer respeitar pela dedicação ao trabalho e cumpridores rigorosos de todos os compromissos que assumiam.
(Salvo raras excepções negativas)
Não se tratava de gente verpilheira, porque o tempo de que dispunham, depois das muitas horas extraordinárias que faziam nas Fábricas, ainda cultivavam os campos.
Traziam estes princípios educativos das suas Terras.
Tinham sido educados a saberem fazer valer e como tal a respeitar, que palavra dada (assumida) passava a constar como um testamento. O Valor do dinheiro em relacção à palavra assumida, valia rigorosamente zero.
Migrantes vindos na sua quase totalidade de Castelo de Paiva, Arouca, Penafiel e Amarante . Nas suas terras começaram a trabalhar com tenra idade, e sempre executando trabalhos durissimos.
Artes de Pescadores, Barqueiros,Mineiros, Pedreiras, Lenheiras, Serradores,Agricultores e tantas outras Profissões.
O trabalho que aqui executavam era uma quase brincadeira, comparado com o que tinham anteriormente.
Foi assim que em Nogueira da Regedoura as casas começaram a ser alugadas e reparadas, os Campos a serem cultivados, passou a respirar-se melhor, a Freguesia a ser mais convidativa e o relacionamento e confiança a consumar-se.
Diga-se em abono da verdade que apenas uma parte cada vez mais insignificante, continuava a teimar naquilo que se calhar se convenciam ser um coutada sua.
O Povo Migrante com enorme esforço em poupança e sacrifício, começaram a amealhar umas economias e optaram por construir o que equivala a dizer que na grande maioria dos casos, rápidamente a adoptaram como sua.
Para os mais retrógados (felizmente muito poucos) teimavam em continuar que os culpados de todos os males que a freguesia padecia, só havia uns a culpados, os Castelhanos, (como nos alcunhavam).
Felizmente para a grande maioria, eram todos iguais,e até nutriam por estes migrantes uma enorme admiração e respeito.
Nunca poderei esquecer e a memória não deixa que se apague o Ti Manel Fresco que para ele quem fosse trabalhador e sério tinha todo o valor.
Citava frequentemente:- É Trabalhador e sério. Este é malandro e não tem palavra, como tal trocado por merda fica caro.

DIZIA-SE AO TEMPO:
Dizia-se no tempo que quem viesse a Nogueira poderia ir sem casaco, mas sem mulher não ía de certeza.
Certo que as coisas não funcionavam assim. Mas quem nas dizia ficava aliviado.
Pois as Moçoilas eram muitas delas Lindas e Belas, mas nunca estiveram em saldo.
Tinham uma forte personalidade e eram dotadas de uma enorme dignidade.

CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÕES PELOS MIGRANTES
Um número elevadissimo de Migrantes começaram a construír as suas próprias habitações, sendo que muitos deles até venderam as que possuíam nas suas Terras de origem para comprar terreno e construírem mais rápidamente aqui em Nogueira da Regedoura.
Aqui encontra-se a verdadeira paixão e amor que esses Migrantes ganharam a esta Terra, sendo que casaram noutras terras e tendo para lá ído a morar,quando conseguiram arranjar dinheiro para compra de terreno para posterior construção optaram por Nogueira da Regedoura, havendo até nas localidades em que habitavam preços mais acessiveis.
Outros ainda que razões tiveram ou decidiram passar a comprar habitações n´outros Lugares, nunca esqueceram o elo de ligação que aqui mantiveram e ainda hoje é fácil constatar a frequência regular que se deslocam a esta terra, e que continuam a considerá-la como parte integrante das suas vidas, e a necessidade que sentem de manter visitas regulares.
Hoje nos Cafés lá em Sebolido ou Rio Mau é um acontecimento normal falarem da Freguesia de Nogueira da Regedoura, nome que há muitos anos truxeram para cá pessoas que cá viveram e que sentem -se bem ao recordar esse tempo.

»OS ENLACES MATRIMONIAIS FORAM UM PRECIOSO CONTRIBUTO«
A concretização de uniões " acontecimento normalissimo" de rapazes e raparigas vindos das terras acima citadas com Nogueirenses, começaram a acontecer em número significativo .
A partir daqui as ligações entre familias nativas e migratórias reforçou e consolidou esse elo de ligação. Aumentou a confiança e auto-estima.

Sem comentários:

Enviar um comentário