MENTES LIMPAS - MEMÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA
Contam-se seis décadas e seis meses, o tempo que levo entre o dia em que nasci e o dia de hoje, 22Julho de 2009.
Não fora a natureza causar uma daquelas surpresas que nos proporciona e decide neste mês presentear com um dia chuvoso, que nos convida a sentar como no caso frente ao computador e a nossa mente que parece já contar com este descanso quase obrigatório, avivadamente nos traz ao presente, tempos do antigamente, que apesar das distâncias em que ocorrem parecem copiarem-se rigorosamente.
Como como usa dizer-se - água não molha Marujo, e eu que durante muitos anos pelo facto de o ser Marujo não utilizava guarda-chuva, certamente por isso habituei-me a não me resguardar da chuva. Mesmo que depois me traga algumas tossidelas. Mas burro velho não tem emenda. Ou melhor é defeito de fabrico, já que os meus antepassados também sofriam desta tendinite. Como nos bons velhos tempos, agora mordido pelo bichinho de Agricultor, fazendo jus á fama de Marinheiro toca de semear um naval. Não sei se vai dar Nabiças, mas não posso ser acusado de não tentar.
Não foi preciso esperar muito tempo, que a roupa estivesse toda encharcada. O Rio fica a escassos metros, olhava e lá andava uma pequena embarcação com três pescadores , indeferentes, qual fato de chuva qual quê!...
O mesmo se passava com uns outros quatro que se encontravam a pescar de Terra na margem do outro lado.
Fui buscar a objectiva, como sempre tive a Doênça da Fotografia, lá me preparava para obter algumas, mas como o que é barato tem rato, a máquina fracota não propocionava uma imagem com um mínimo de qualidade.
Ao vê-los causou-me inveja e mesmo todo encharcado, lá fui buscar uma sardinha salgada, duas canas e lá me ía dirigi para o rio, mas a chuva engrossava, então lembrei-me que ainda tinha peixe para fritar agora há noite, lembrei-me dessa coisa que agora é sempre notícia em temo de crise, a chamada gripe A.
Disse para comigo - Marujo não sejas leviano, porque o Cântaro tantas vezes vai á fonte que um dia deixa lá a asa, e eu que tanto me descuido a apanhar molhadelas, pensei que o melhor era desististir.
Não foi cobardia, mas aquela máxima de não deias peixe a quem quer aprender a pescar. Serve para quem já sabe pescar mas os amigos lhe vão dando peixe, acaba por ou vou hoje e vou amanhã e o tempo vai passando e o bichinho cada vez é mais persistente. Mas passa sempre para amanhã.
Não tem sido fácil arranjar tempo para dedicar á Agricultura, escrever e ler e tempo para pescar. Fui criado aqui no Tapado do Coelho, habituado a ver estes terrenos circunvizinhos sempre cultivados. Por baixo da sala existia uma corte, onde se criava uma Toura e Ovelhas. De há uns quinze anos a esta parte, melhor desde que o meu amigo Baloca deixou de cultivar isto, começaram as silvas a subir pelas oliveiras que entretanto e de há uns anos a esta parte deixaram de criar azeitona para produzir azeite.
Melhor criam muita, mas cedo apodrece toda com bicho lá dentro, sem o minímo de aproveitamento. Custava-me enfrentar esta situação, pois olhar para este pântano que em tempos foram leiras floridas e de grande produção, pois até desfrutam de presas e àgua de nascente. Prometi a mim mesmo que um dia quando deixasse de trabalhar efectivo, gostaria de poder contribuir para que eles voltassem a florir de novo.
Coincidência ou não, o meu vizinho falou com o propietário e começou a cultivar metade das leiras, o que mais me incentivou a lhe pedir e depois de autorizado, limpei os terrenos e agora é um regalo ver as leiras floridas como no meu tempo de criança. Que enorme alegria estará a sentir a Ti Matildes esteja ela onde estiver.
Foi bom ter chovido, não tive necessidade de regar e o tempo livre permitiu-me falar para os amigos.
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