quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Traquinices!

Era frerquente a minha permanência em Cancelos, em casa dos meus avós paternos, mas vinha para casa deles e muito raramente saía de lá e quando acontecia era sempre na companhia deles ou da minha prima Ana.
Talvez por isso eles não vissem com bons olhos eu andar sempre debaixo da saia delas (avó e prima). Quando passei a viver cá, comecei a ir sozinho e foi então que comecei a ser confrontado. Queria brincar, mas eles não permitiam nem que eu jogasse á bola, ao pião, saltar á corda, á macaca etc. Fazer casinhas também era impensável, nem tão pouco que me abeirasse deles. Quando me apróximava um pouco mais, corriam comigo.
Esta situação durou algum tempo. Isto revoltava-me, mas eles não eram bons de assoar. Eu também não lhes ficava atrás. Eles eram muitos e unidos eu era só. As coisas ainda mais se complicavam em cada dia que entrava. Treinavam-me e eu não me podia queixar. Porque tudo o que eu fosse dizer ás mães deles ou á minha mãe, mesmo que verdade pura, passava a ser pura mentira.
Contavam tudo a favor deles, o culpado de tudo era sempre eu. Levava deles e dos meus Pais. Foi uma luta desigual, mas que aos poucos eu fui vencendo.
Comecei também a ajustar contas quando os apanhava isolados. Depois de uma boa trepa, ficávamos a ser amigos. Assim fui arranjando mais amigos e acabedi por ser totalmente aceite. Eu não era um bom exemplo, era mais um tratante que entrava no grupo.
Começamos a engendrar coisas do arco da velha. Chegávamos a surpreender os nossos progenitores. Eles questionavam-se se seria possivel nós uns fedelhos termos capacidade para fazer as coisas que faziamos. Chegavam a acreditar que cenas de traquinices que faziamos, teria de haver alguém com mais idade metido nisso.
O Mundo estava em transformação. As conversas dos barqueiros dos barcos Rabelos, juntando-lhes as que ouviamos dos nossos pescadores, que não tinham grandes reservas de falarem, quando nós estavamos por perto, permitia-nos saber tudo como as pessoas crescidas.
Aos quatro anos, estávamos no grupo onde haviam outros com seis e sete. Todos juntos fazíamos coisas levadas da breca. Os nossos pais que tinham tido uma educação extremamente rigída e abrutalhada, procuravam dar-lhe continuidade, convencidos que seria a melhor. Os tempos eram outros.
Éramos castigados com dureza,eramos punidos por tudo e por nada. Isso levou-nos à teimosia e as ditas asneiras que fazíamos assiduamente não lhes dava grande possibilidade de rigidez total.
Dia que não chovesse não era dia. Mas como era diário, acabamos por ficar malhadiços, a porrada já não era problema. Continuar a fazer o que bem nos apetecia.
Numa altura em que o dinheiro mal chegava para comprar um carrinho de linhas por mês, quando os apanhávamos, logo o faziamos desaparecer, para fazer rede para os Pardelhos. O problema era que as nossas Mães precisavam das linhas para remendarem as roupas e nós já as tinhamos utilizado. Era um chover constante do pai e da mãe.
O problema agravava-se, porque deveria estar a cuidar dos meus irmãos mais novos e andava sempre longe. Fazia-o constantemente e a tareia certa já não era problema. A minha mãe já evitava bater-me com a mão porque isso já só dava era para ela se aborrecer e não surtia qualquer efeito. Normalmente era com uma corda, o que também não assustava, mas era um pouco mais árduo quando era com uma vergasta. Mas mesmo assim, no dia seguinte a cena repetia-se.

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