sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Filhos do Rio!

AOS QUATRO ANOS E PICO E COMEÇARAM AS TRAVESSIAS NO RIO DOURO
PORTELOS AREIO MIDÕES

Mergulhar e ficar preso na lama, ou ir nadar para locais fundos e ter-se dificuldades acrescidas era uma constante, mas os mais velhos faziam de socorristas e as dificuldades eram ultrapassadas.

UMA VIDA OCUPADISSIMA .AS HORAS ERAM POUCAS PARA OS INÚMEROS AFAZERES QUE TINHAMOS.

A vida começava muito cedo, quando o tempo o permitia. Por volta das cinco e meia da manhã havia que levantar e ir com a minha mãe buscar um molhito de carqueja, que depois carregaria até ao areio de Cancelos para ser vendida, muitos dias chegada com a carqueja ainda tinhamos de ir ao maninho do Vale da Fonte ou Vale Escuro, apanhar um pouco de lenha para depois cozinhar.
Comecei a ter de acompanhar minha Mãe, já que o meu irmão chegado a mim ficaria a cuidar dos meus Irmãos, pois tinha uma queda especial para isso.
Chegados, logo preparava a escapadela, pois o jogo do pião, as corridas a pé organizadas pelo Mudo ( que o prémio era sempre a velha cavilha). Jogo da Macaca,a bola de trapos para disputa do jogo debaixo da ramada da Ti Maria Zé ou no Areio , fazer o Barquinho de Papel para navegar ou de casca de pinheiro. Preparar as bolas de lodo para a batalha do dia seguinte. Colher caixilhos para as casinhas, pois a namorada tinha que ter os ingredientes para poder cozinhar. Ir roubar fruta á Moira, á Abitoriera ou Pedregal. Eram tarefas que não podiam ser adiadas, bem como a pescaria sempre muito importante. Ainda como uma vinda cá acima para apreciar o andamento das obras da abertura da estrada, o que não nos agradava nada, porque sabíamos que o seu funcionamento tiraria muito a Cancelos. Ainda de vez em quando uma escaramuça. Os domingos eram ocupados a apreciar os bailaricos debaixo da ramada.
Cancelos e Midões eram um mundo maravilhoso.

COM O TEMPO TÃO OCUPADO NÃO HAVIA LUGAR A DESÂNIMO. O RESTO NÃO ERA MUITO IMPORTANTE

OUTRAS NOTAS:
Ainda havia outras tarefas a desempenhar tal como estar na bicha , quando no verão a fonte deitava pouquissíma água e a encher um caneco de água levava mais de uam hora.
Também quando o tempo o permitia era natural a travessia do rio a nado. Para tentar passar despercebido a roupa ficava sempre escondida e íamos nus. Mas era fácil sermos avistados das nossas casas que estão implantadas a poucos metros do rio.
Na maiorfia das vezes, quando chegavamos ao local de partida, tinhamos o pai ou mãe a esperar e a tareia era certa, algumas vezes de cinto e quando estavamos nús, mas estavamos tão malhados, que nada fazia doer e no outro dia as cenas repetiam-se.

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